Nos últimos anos, a contaminação por microplásticos tem sido amplamente discutida, mas novas pesquisas estão trazendo à tona uma ameaça ainda mais insidiosa: os nanoplásticos.
Essas partículas extremamente pequenas, que medem menos de 100 nanômetros, são encontradas em diversos ambientes, incluindo solos, rios, mares e, alarmantemente, na água potável.
Com a capacidade de penetrar em células humanas e animais, os nanoplásticos representam um perigo significativo para a saúde pública.
Contaminação da natureza
A presença de nanoplásticos na natureza é resultado da degradação de plásticos maiores, que se fragmentam em partículas minúsculas devido à exposição ao sol, vento e ação das ondas.
Estudos conduzidos por universidades europeias, como o Instituto Alfred Wegener na Alemanha, indicam que nanoplásticos foram detectados em amostras de água do Oceano Ártico, destacando a extensão global do problema.
Os rios, que frequentemente transportam resíduos plásticos das áreas urbanas para os oceanos, são um ponto crucial de contaminação.
Pesquisas realizadas na Universidade de Exeter, no Reino Unido, mostraram que a poluição por nanoplásticos nos rios não apenas afeta a vida aquática, mas também representa uma rota direta de contaminação para o abastecimento de água potável.
Riscos à saúde humana
Os nanoplásticos são suficientemente pequenos para atravessar barreiras celulares e entrar na corrente sanguínea.
Estudos publicados na revista científica Environmental Science & Technology indicam que a ingestão dessas partículas pode causar inflamação, estresse oxidativo e danos aos tecidos.
A presença de nanoplásticos em alimentos, como frutas e vegetais irrigados com água contaminada, agrava ainda mais o problema.
Os alimentos processados industrialmente são particularmente vulneráveis à contaminação por nanoplásticos. Pesquisadores da Universidade de Newcastle, na Austrália, descobriram que produtos como massas, pães e bebidas podem conter partículas plásticas que se desprendem durante a fabricação e embalagem.
Isso ocorre especialmente em processos que envolvem altas temperaturas e pressão.
Esforços para aliviar o problema
Diante desse cenário preocupante, cientistas e organizações ambientais estão buscando soluções para conter a contaminação por nanoplásticos.
Tecnologias de filtragem avançada e o desenvolvimento de materiais biodegradáveis são algumas das estratégias em estudo.
No entanto, a conscientização pública e a implementação de políticas rigorosas de gestão de resíduos são fundamentais para reduzir a produção e descarte inadequado de plásticos.
Recomendações para evitar o consumo de nanoplásticos em casa
Filtragem da água potável
Investir em sistemas de filtragem de água de alta qualidade é uma das maneiras mais eficazes de reduzir a ingestão de nanoplásticos.
Filtros que utilizam tecnologia de osmose reversa, carvão ativado ou ultrafiltração são particularmente eficientes em remover partículas minúsculas, incluindo os nanoplásticos, da água potável.
Reduza o uso de plásticos no dia a dia
Diminuir a dependência de plásticos descartáveis ajuda a reduzir a quantidade de plástico que acaba no meio ambiente. Substitua garrafas plásticas por recipientes de vidro ou metal, use sacolas reutilizáveis e evite produtos embalados em plástico sempre que possível.
Escolha de produtos frescos
Optar por alimentos frescos e minimamente processados é uma maneira eficaz de reduzir a exposição a nanoplásticos.
Produtos processados muitas vezes contêm micro e nanoplásticos resultantes de embalagens e processos de fabricação. Consumir alimentos frescos, orgânicos e de produtores locais pode minimizar esse risco.
Lave bem frutas e legumes
Lavar frutas e legumes abundantemente com água corrente ajuda a remover resíduos de nanoplásticos que podem estar na superfície.
Embora isso não elimine completamente a contaminação, pode reduzir significativamente a quantidade ingerida.
Evite aquecimento em utensílios ou embalagens plásticas
Aquecer alimentos em recipientes plásticos pode aumentar a liberação de nanoplásticos. Use recipientes de vidro, cerâmica ou aço inoxidável para aquecer ou armazenar alimentos, especialmente no micro-ondas.
Prefira utilizar recipientes de vidro ou metal
Utensílios de cozinha feitos de bambu, madeira, vidro ou metal são preferíveis aos de plástico. Isso ajuda a evitar a transferência de partículas plásticas para os alimentos durante o preparo e o cozimento.
Informe-se sobre os produtos industrializados
Procure informações sobre os produtos que você consome e escolha marcas que adotam práticas sustentáveis e utilizam embalagens ecológicas. Algumas empresas estão começando a usar plásticos biodegradáveis ou alternativas de embalagem que reduzem a contaminação.
Participe de programas de reciclagem
Engajar-se em programas de reciclagem pode ajudar a reduzir a quantidade de plástico que chega ao meio ambiente.
Certifique-se de reciclar corretamente e apoiar iniciativas que promovam a reciclagem e o gerenciamento adequado de resíduos plásticos.
Cultive alimentos em casa
Se possível, cultivar parte dos seus próprios alimentos pode reduzir a dependência de produtos comerciais que podem estar contaminados com nanoplásticos. Hortas caseiras e comunitárias são uma excelente maneira de garantir a qualidade dos alimentos consumidos.
Educar-se e conscientizar outras pessoas
Manter-se informado sobre os riscos dos nanoplásticos e compartilhar esse conhecimento com amigos e familiares pode aumentar a conscientização coletiva e promover mudanças de comportamento.
Quanto mais pessoas estiverem cientes e atentas ao problema, maior será o impacto positivo na redução da contaminação.
Portanto, pode-se concluir que a presença de nanoplásticos na água potável e nos alimentos é uma questão emergente de saúde pública que requer atenção urgente.
As pesquisas continuam a desvendar os impactos dessa contaminação, mas já é claro que ações imediatas são necessárias para proteger o meio ambiente e a saúde humana. A colaboração entre cientistas, governos e sociedade civil será crucial para enfrentar esse desafio.

FONTES | |
F1 | Trânsito: desgaste de pneus |
F2 | Depósito de lixo ilegal: resíduos municipais ou industriais despejados incorretamente |
F3 | Microplásticos em efluentes passam por filtros de estações de tratamento de esgoto |
F4 | Resíduos domésticos: fibras de roupas sintéticas, microplásticos de cosméticos |
F5 | Agricultura: películas plásticas |
F6 | Indústrias de construção e naval: uso dos microplásticos em técnicas de jateamento de areia |
F7 | Indústria de processamento de plástico: perda de matérias plásticas no processamento |
EFEITOS | |
E1 | Microplásticos afetam as características térmicas das praias |
E2 | Organismos marinhos alimentam-se e transportam lixo marinho perigoso à vida |
E3 | Transporte de poluentes na cadeia alimentar para o mar profundo |
E4 | Propagação de espécies invasoras |
E5 | Pesca fantasma - redes, linhas e anzóis abandonados em rios e mares |
E6 | Contaminação de estoque de alimentos humanos |
E7 | Microplásticos presos no gelo marinho |
E8 | Efeitos sobre o habitat no fundo do oceano: ● cobertura de sedimentos do fundo ● absorção por animais que vivem no fundo do mar ● emaranhamento de organismos ● mudança nas propriedades químicas dos sedimentos ● sufocamento de plantas e animais |
Infográfico: Martin Künsting / AWI - Alfred Wegner Institute |
Por: Redação Zygbau
Imagens: Freepik
Infográfico: AWI – Alfred Wegener Institut