A palavra “persona” é amplamente usada tanto na psicologia quanto no marketing, mas você sabe o que significa cada uma?
A ‘persona’ de Carl Jung representa as máscaras que usamos para interagir com o mundo, enquanto no marketing digital o termo se refere ao perfil ideal de um consumidor.
Entender as nuances de cada conceito pode ajudar tanto na autocompreensão quanto na criação de estratégias de comunicação eficazes. Descubra como o conceito de ‘persona’ evoluiu para atender a propósitos muito distintos, mas igualmente essenciais.
Introdução
A palavra “persona” tem raízes profundas, remontando ao latim, onde significava “máscara” — usada originalmente para descrever as máscaras que os atores usavam nas peças de teatro.
No entanto, o psicólogo suíço Carl Jung, pioneiro na psicologia analítica, redefiniu esse termo para se referir às “máscaras” que as pessoas assumem para se integrar e se ajustar aos papéis sociais.
Mais recentemente, o marketing digital se apropriou desse conceito, adaptando-o para delinear o “consumidor ideal”, conhecido como “buyer persona”.
Na era digital e das redes sociais, onde tanto a identidade pessoal quanto a imagem pública são fortemente influenciadas por interações online, entender o que é “persona” em ambos os contextos tornou-se essencial.
No mundo dos negócios, uma “persona” bem desenvolvida auxilia as empresas a se comunicarem de forma precisa com seus públicos-alvo. Já na psicologia, essa compreensão permite que as pessoas investiguem mais profundamente suas próprias identidades e compreendam os papéis que desempenham em diferentes situações.

Persona na Psicologia: o conceito Junguiano
Carl Jung definiu a “persona” como a fachada que uma pessoa apresenta ao mundo exterior. Esse conceito abrange o papel social que desempenhamos e as características que projetamos para nos adequar às expectativas dos outros.
Segundo Jung, a persona possibilita equilibrar a convivência, oferecendo uma forma de nos inserirmos socialmente sem expor o nosso “eu” mais profundo, o que ele chamou de “self”.
Um exemplo prático seria uma pessoa que age de forma amigável e acessível no trabalho, mesmo que, internamente, seja alguém reservado e introspectivo. Essa “persona” amigável facilita as relações profissionais e ajuda a criar um ambiente de trabalho funcional, mas não representa necessariamente a essência do indivíduo.
O psicólogo alertava, porém, que quando as pessoas se identificam em demasia com suas “personas” (ou seja, quando vivem quase exclusivamente pela projeção externa), arriscam perder o contato com suas verdadeiras vontades e sentimentos.
Esse fenômeno pode levar ao que Jung chamava de “alienação do self”. Dessa forma, a análise do conceito de persona na psicologia é essencial para promover o equilíbrio entre a adaptação social e o autoconhecimento.

Persona no Marketing Digital: o cliente ideal
No marketing digital, o termo “persona” adquiriu um significado prático e bem diferente, mas ainda relacionado à ideia de identidade e representação. A “persona” aqui é um perfil semi-ficcional do cliente ideal de uma empresa.
Essa construção é baseada em dados reais, como idade, interesses, problemas e até mesmo preferências de compra. O objetivo é guiar estratégias de marketing que falem diretamente com o público-alvo.
Por exemplo, uma marca de produtos ecológicos pode definir como “persona” o perfil de uma mulher de 25 a 35 anos, preocupada com a sustentabilidade, que busca produtos naturais e acompanha influenciadores do ramo ambiental.
Com base nesse perfil, a marca pode desenvolver campanhas e conteúdos específicos para se conectar melhor com essa “persona”, aumentando as chances de engajamento.
Essas personas são desenvolvidas a partir de pesquisas de mercado, dados analíticos e entrevistas com clientes.
Elas permitem humanizar o público-alvo, permitindo que as equipes de marketing e desenvolvimento de produtos criem mensagens e ofertas que ressoem com necessidades e preferências específicas.
Comparação entre as duas perspectivas
Embora partam de contextos diferentes, a “persona” na psicologia e no marketing compartilham a ideia de representação. Em ambas as áreas, a persona envolve a construção de uma imagem que responde a expectativas, seja para ajustar-se a uma realidade social ou para direcionar estratégias de comunicação.
Uma diferença crucial é que, na psicologia, a “persona” reflete como uma pessoa se adapta a exigências externas, sem necessariamente refletir o verdadeiro self. No marketing, por outro lado, a persona tem em vista representar o cliente ideal com a intenção de orientar a comunicação e as ofertas precisamente.
É interessante notar como o conceito de persona em marketing acabou se inspirando na “máscara social” de Jung, mesmo que com um propósito diferente.
Enquanto o conceito junguiano de persona destaca os desafios de equilibrar autenticidade com adaptação, no marketing a persona é usada para entender o cliente em um nível que permita que a marca se “adapte” ao consumidor, aumentando a empatia e a relevância da comunicação.
Importância e aplicações práticas
Na Psicologia
O conceito de persona é fundamental para os indivíduos refletirem sobre os papéis que assumem e as expectativas que tentam atender. Entender essa dinâmica ajuda no desenvolvimento da autenticidade, encorajando as pessoas a não se perderem em uma “persona” que mascara completamente seus verdadeiros sentimentos e vontades.
Na prática, um terapeuta pode ajudar uma pessoa a reconhecer quando está vivendo apenas em função de sua persona, incentivando-a a explorar o self e a encontrar um equilíbrio entre adaptação social e autenticidade. Esse processo pode promover a saúde mental, reduzindo o risco de conflitos internos e sentimentos de alienação.
No Marketing Digital
No marketing, a persona é uma ferramenta estratégica que permite às empresas personalizar suas mensagens e ofertas, aumentando a chance de conversão e lealdade. Ao entender o que o cliente ideal deseja, sente e precisa, a empresa pode se comunicar de maneira mais humana e eficaz.
Por exemplo, em campanhas de e-mail marketing, uma persona bem definida permite a segmentação de mensagens conforme os interesses e comportamentos dos diferentes públicos.
Dessa forma, uma empresa que vende produtos de beleza pode enviar conteúdos diferentes para consumidores com foco em cuidados sustentáveis e para consumidores interessados em novidades tecnológicas na área de cosméticos, aumentando a personalização e o impacto da comunicação.
Resumo
A persona de Carl Jung e a persona do marketing digital são conceitos que lidam com a ideia de identidade e representação. Na psicologia, a persona representa uma máscara social, essencial para a adaptação, mas que pode alienar o indivíduo do seu self se for adotada de forma rígida.
No marketing, a persona permite descrever o cliente ideal, orientando as estratégias de comunicação e personalização de ofertas. Embora os contextos sejam distintos, a compreensão de ambos os conceitos oferece percepções valiosas: na psicologia, ajuda no autoconhecimento e na autenticidade; no marketing, torna a comunicação mais empática e eficaz.
Por: Redação Zygbau
Arte: Zygbau
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